segunda-feira, 11 de maio de 2009

Um francês que vale mais do que parece.


Filmes franceses, sim existem muitos que eu gosto...verdade..muitos dizem que é um cinema muito rebuscado, mas não acho, eu gosto....

Mas esse aqui é especial, porque vemos que essa onda que percorre nosso país continental de nome Brasil, também é um fenômeno totalmente globalizado e isso é bastante mostrado nesse ótimo filme francês. A decadência do sistema tradicional de ensino é algo para ser pensado por toda sociedade.


O filme se passa quase todo dentro de uma sala de aula. Somos apresentados ao professor logo no começo. François (François Bégaudeau) está se apresentando para os colegas professores e aproveitamos o momento para conhecê-lo também.

Logo ao entra na classe, depara-se com uma classe “globalizada”, multi-étnica, daí que vem a dificuldade de lidar com todos e tudo, afinal, estamos em um subúrbio francês.


Ele, o professor, é a peça que representa o poder e o “certo”, representa a sabedoria. Mas como explicar verbos e seus diversos tempos para uma classe que ouve hip-hop e está bem longe do “tradicional”. Como fazer essa mesma classe interessar-se por Pitágoras. Um desafio mundial, e o filme mostra bem isso.

Cada aluno que ganha voz na sala, descendente de um país diferente que foi colônia da França ou ainda é território do país, disputa um cabo de guerra entre identidade individual e coletiva.


Uma cena bastante interessante, e mostra bem esse desconcerto é quando a discussão entre quatro alunos cai para o futebol, em torno das seleções que não se classificaram para a Copa da África está longe de ser uma falação boba de mesa redonda, mas um reflexo da presença maciça de africanos e árabes na França, olhada na França com certa desconfiança.


Uma outra passagem interessante é quando uma das alunas pergunta ao professor porque ele usa somente nomes como Bill ou outros nomes mais americanizados, parece algo bobo, mas olhando pelo lado da identidade de cada um, é algo para realmente ser levado em consideração. Como aqui no Brasil, achamos Wellington normal, mas estranhamos nomes como JACIRA, JUCI entre outros...precisamos sim,o refletir e buscar nossa verdadeira identidade.


Um filme para ser assistido por todos, ou melhor para ser assistido em grupo, um filme que não é tão fácil para ser digerido, mas como um espinafre para o Popeye, depois de digerido, ns dá uma força enorme. Um filme do jeitinho que eu gosto, onde as palavras e a inteligência têm muito mais poder que tiros e explosões a esmo.

Sem esquecer que foi ganhador da Palma de Ouro em Cannes.

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